Um bar simples, uma mesa e duas cadeiras coloridas. Paredes suja, descascando e caindo aos pedaços. Cena comum para milhões de pessoas. Mas o que ela carrega?
Esse texto é muito autobiográfico e talvez, com um peso. A foto em questão foi tirada em 2025 na Pedreira Prado Lopes, mas me trouxe lembras distantes, de localidade e tempo.
Cresci sendo filho de um alcóolatra, mais uma vez algo comum para milhões de pessoas. Mas ao visitar minhas memórias, algumas coisas me fizeram pensar bastante sobre a vida (sem parecer clichê, mas já sendo).
Meu pai foi um homem trabalhador até seus últimos dias, mas a vida dura o levou para o álcool muito cedo. Ele era o filho mais velho e ajudou a criar seus 4 irmãos. Seu pai morreu quando ele tinha 11 anos, também em decorrência do vicio em álcool.
A cena da foto, uma mesa com duas cadeiras me trouxe lembranças duras, que eu não fazia ideia de como era grave pra minha idade. Desde pequeno, passar pela porta do bar que ele gostava e ver essa cena, uma mesa vazia, era um motivo de alívio e, talvez, otimismo. 
Será que ele não bebeu hoje? Será que está em casa? Será que está em outro bar?
Quando ele partiu, eu tinha 16 anos. Nunca disse isso, mas cheguei a sentir alívio. Alívio do fim da luta contra o vício, alívio de não sentir vergonha quando ele me encontrava completamente bêbado para resolver algo (como abrir uma conta no banco). E esse alívio me trouxe muitos sentimentos estranhos, como de me achar uma pessoa ruim por isso.
As boas lembranças são poucas. Mas o amor não!
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